terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Verdade verdadeira





Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara:

´eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também´.

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração ´tribalista´ se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e
reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.

Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como:

... não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.

Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças.

É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia
para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter ´alguém para amar´...

Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...


Arnaldo Jabor

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